domingo, 19 de maio de 2019

Confusões


                O tempo vai passando. Mas passa tão arrastado, tão lento que parece que não passa. Os dias não têm fim. As madrugadas são embaladas por sonhos que se preferia não ter. E então, se acorda num susto em vários momentos. Quando o sol nasce, os olhos já estão a muito abertos. E naquela determinada hora, as lágrimas escorrem.
              É um misto de sentimentos emaranhados. Não se sabe ao certo o que se sente. Falta, saudade, raiva, raiva de si mesmo... Raiva por ainda sentir amor por alguém que não sente por igual. Tudo o que se quer é arrancar esse sentimento do peito, como se fosse uma cirurgia com retirada ampla de margens, para não haver resquícios de nada. É triste ver o que já foi tão mágico se tornar tão doloroso. Desilusão.
                De repente se começa a pensar o quanto isso afeta sua vida. Comer, dormir, treinar, estudar e trabalhar já não são tarefas simples. Se tenta focar, mas de vez em quando você se pega olhando a foto e o status do whatsapp, já que não tem como ver o instagram (vocês deixaram de se seguir) e as fotos já foram deletadas. Se quer esquecer, se quer deixar tudo para lá. Iniciar um novo ciclo. Mas, ao mesmo tempo, você ainda quer um minuto mais, uma conversa mais, ouvir por um instante a voz. Você ainda sonha em encontra-lo. E você tem raiva desses pensamentos.
                Qual a receita para seguir em frente? Como amenizar toda essa confusão que se instala na própria cabeça? Como lidar com um amor que já passou para o outro, mas que ainda fica dentro de você? Dizem que apenas o tempo. Mas este é o inimigo de alguém ansioso. O tempo anda no tempo dele. E nessas horas ele não vai rápido. Ele faz questão de ir devagar, para que você sinta realmente a dor e aprenda com os erros passados.
                A dor que você sentia constante, latejante, pouco a pouco se torna ciclo. Ao invés de ser o dia todo, ela vem em determinados horários, como uma onda. Então você a sente e, quando cai no choro, ela ameniza. E vai ser assim por alguns dias. Algumas semanas. Devagar esses ciclos diminuem. O que seriam 5 ondas de momentos de angústia tornam-se 4, 3, 2, 1, até não haver mais nada. Até sumir tudo. Até se curar. Até não haver saudade, amor, mais nada. Só lembranças.
                 



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