O
que uma ligação é capaz de fazer? Acabar com as últimas esperanças que poderiam
existir. E aquela pontinha guardada bem lá no fundo do seu ser, vira pó em
poucos minutos. E o seu mundo desaba. A realidade bate à porta. Aos poucos a
razão começa a retornar. Mas não se quer que retorne.
Isso tudo
porque cérebro de gente apaixonada não funciona. As ligações sinápticas que
ligam o córtex pré-frontal ao núcleo accumbens ficam desgovernadas e todos os sentimentos “eufóricos” não são barrados.
Em resumo, a pessoa apaixonada fica meio demente. Ela não consegue pensar com a
razão. Não racionaliza a situação, mesmo que seja impossível, mesmo que o outro
não a ame da mesma forma, mesmo que seja rejeitada. O outro continua sua vida.
Feliz, despreocupado. Mas o apaixonado perde os sentidos.
É difícil voltar para sua rotina de antes. É
difícil acordar sem dar “bom dia” ou conversar sobre como foi o dia, à noite. É
difícil a ideia de nunca mais encontrá-lo, de seguir em frente sozinho. É difícil
voltar ao foco, conseguir estudar, comer ou dormir bem... Em todos os momentos
o cérebro te trai e você se pega pensando nos bons momentos, em tudo o que foi
vivido e/ou sentido em um curto espaço de tempo.
A dor ameniza no meio da manhã e no meio da
tarde, quando as ocupações e as conversas com os amigos distraem. Meio que sem
querer você muda o foco. Mas quando chega a noite, em que se precisa parar para
estudar, ou quando se tenta ler um livro ou ver um filme, todos aqueles
pensamentos retornam. E só se pensa, novamente, em todos os momentos bons que já
não vão voltar. É quase um ciclo vicioso de sofrimento.
Assim, cada momento com os amigos se torna
valioso. Qualquer conversa sobre qualquer coisa que não seja ligada ao fim da
relação é a chave para ver o tempo passar de forma imperceptível. Para os
amigos, com certeza não deve ser fácil ouvir lamúrias, aguentar o choro, dar
suporte todo o tempo. Deve, de fato, ser cansativo. Pior que nessa fase, não se
quer estar só, se sentir só. Pois é nesses momentos que a sua cabeça te trai e
te leva para viajar para longe. Mas amigo que é amigo está ali, mesmo com todas
as lamentações chatas. Ele não te deixa se entregar. Ele te busca do fundo do
poço para uma nova vida. E é nessa hora que se começa a perceber que o amor
verdadeiro provém da amizade sincera.
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