segunda-feira, 8 de abril de 2019

A mala

Hoje eu abri a minha mala
Resolvi tirar todo o peso que nela havia
Tentei deixar só o que havia de mais leve
Tentei não cansar pelo fardo
Me surpreendi pela quantidade de coisas inúteis que carregava

Sentimentos, emoções, aglomerados de decepções
que um dia fizeram sentido
e que hoje só ocupam espaço

Fui removendo devagar um a um
e fui olhando cada qual de forma especial
Pois só encarando novamente, com cuidado
se escolhe o que fica ou vai

Tudo o que carrego é parte de mim
me torna a pessoa do hoje
Mas sei que o peso pode ser demais para suportar

E de olhos vermelhos seco a mala
E deixo nela só o meu melhor
E abro espaço para mais
momentos, sentimentos, decepções e emoções

Mas enquanto isso eu sigo leve
Aperto o passo em direção à felicidade
De mala vazia
e sorriso no rosto

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Ela

Ela é enigmática
É tão complicada, que chega a ser tormento
Seu mistério reside no caos provocado
pela sua explosão de sentimentos

Que de tão abstratos e imensuráveis
é impossível saber a proporção de tudo o que sente
Ela só sabe que sente
e responde a isso a altura
ou até mais alto do que realmente configura

Isso porque ela vive de intensidade
e não sabe controlar os atos
transforma num turbilhão de hipóteses
meias palavras ditas ao acaso

Ela tem a capacidade de num dia
mergulhar no mais gelado mar de tristezas
e no outro, nadar por esse mar
para sentir o calor do sol decompor suas incertezas

Ela chora, e como chora
mas ao sorrir, traz para si o mundo
Permanecem apenas as sequelas
as cicatrizes um dia deixadas
no rosto um caminho percorrido
arduamente pelas águas salgadas.