terça-feira, 29 de maio de 2012

Um Ciclo para cada Medo



            A transição de ciclos é algo que sempre gera expectativas, porém que causa certo receio. O início, o novo assusta porque a sensação é como pisar em terra desconhecida, não se sabe o tipo de receptividade dos nativos. Isso é válido para qualquer mudança ocorrida no que se chama vi. Desde a infância quando aprender a falar e andar são os desafios até a terceira idade, quando cuidar da saúde e estar junto à família passa a ser a maior preocupação.
            Nem todos se lembram do dia em que entraram na escola. Mas com certeza, naquele momento o medo de ficar longe do porto seguro, dos pais, pairou em cada um. Só depois de um tempo se entende a importância de ir todos os dias àquele lugar. O Jardim de Infância passa a ser uma segunda casa, com uma segunda família, chamada de “Coleguinhas de turma”.E no Jardim de Infância se aprende a ler. Aprende-se a socializar. Aprendem-se os verdadeiros valores. Aprende-se também que a hora de crescer exige a entrada no Ensino Fundamental. E o crescimento é salientado quando os interesses pelo sexo oposto mudam de “vontade de matar” para “vontade de estar junto”.
            De repente deixa-se a infância e encara-se a adolescência. Brincar de roda e pintar com giz de cera não mais é o grande desafio. Importância maior é dada a aparência física, a aceitação pelos outros e aos estudos. Os anos de pré-vestibular são os piores de todos. A pressão dos pais, parentes e amigos para que o resultado seja a aprovação num curso que vai ser a sua ocupação para o resto da vida é algo que mexe não só com as emoções, mas com o corpo todo, inclusive com o que se chama aparelho digestivo.
            Quando finalmente se passa no vestibular, o início novamente é doce e amargo. Novos amigos, novas matérias, novos professores, novos ambientes... Trote, provas difíceis, decepções com os novos amigos, trabalhos diferentes, ocupações diferentes... É na faculdade que se tem a primeira experiência com a profissão, aquela que vai ser a companheira diária até que se entre na fase senil. A faculdade corresponde a um turbilhão de acontecimentos que não dá para resumir num texto, nem muito menos num parágrafo.
 Sair da faculdade é o começo de um novo ciclo, o que marca a intersecção entre a fase “sou dependente dos meus pais” para “vou tomar meu rumo sozinho”. Dá certo frio na barriga, porque quando finalmente se acostuma com aquela vida, quando se tem o referencial do que é faculdade, esta te enxota no Mercado de Trabalho, sem você ter certeza de nada. E a única coisa que você tem é um diploma na mão e muitos planos. E medo. Medo de não ser aceito. O mesmo medo que você tinha no Jardim de Infância, na escola ou no pré-vestibular. Mas e daí? O medo só ajudou no amadurecimento. Na verdade, vencer o medo o fez entrar em cada ciclo. E o que está por vir traz as dificuldades, mas também as regalias de se tornar adulto. “Tornar-se adulto”. Esta expressão parecia longe há pouco tempo. Mas é isso que se é quando se termina a faculdade. E o medo aos poucos vai embora. Adulto não tem medo. Pelo menos não deveria ter.