domingo, 15 de setembro de 2019

Pessoas vêm e vão

Ao longo da nossa estada nesse mundo, pessoas vêm e vão. Pessoas nos fazem felizes. E nos machucam também. Engraçado essa necessidade de ter que se relacionar todo o tempo com os outros. Por que não nos relacionarmos conosco? Afinal de contas, no escuro do quarto só existe você mesmo. Você, seus pensamentos, suas crenças e tudo o que você representa para você mesmo.

A mágoa pode dificultar muitas coisas. De tanto se tomar "pancada", de tanto se arriscar em vão, você pode se fechar para todo e qualquer tipo de relacionamento (não me refiro ao amoroso apenas). O que é perfeitamente normal. Por que fazer uma nova tentativa se você agora está seguro? Você agora tem o controle de tudo... Só você importa agora. Será que novamente os outros não vão mentir e te magoar?

Provavelmente sim. Pessoas mentem todo o tempo. Muitas vezes elas são a própria mentira. Muitas vezes elas mostram o quanto estão bem, mas por dentro o vazio as corrói. A mentira começa aí. E tudo bem. Não precisamos sair por aí mostrando nossas fragilidades. Mas sim, podemos mostrar o nosso coração. Podemos mostrar as milhares de qualidades que temos. Podemos nos abrir novamente, mesmo que com 50 pés atrás.

E se novamente formos magoados? Paciência. Pessoas vêm e vão. Ciclos se iniciam e terminam. E no final sobra você com todas as suas qualidades. No final sobra você com seu caráter para contar que a mágoa te feriu, mas não te amargurou. E que sim, você é capaz de tentar de novo e de novo...


terça-feira, 4 de junho de 2019

Quem é você?

Quem é você? Como você se define perante o mundo? Sempre após os momentos intempestivos, me pego meio reflexiva, embarcando naquela viagem de auto-conhecimento. É engraçado pensar nessa pergunta e não ter uma resposta concreta.

Dáurea Cóbe é intensidade. É amor, é paixão, é sexo, é loucura, é raiva, é veneno, é ansiedade. Falta calma, falta paciência, falta tranquilidade. Dáurea Cóbe é pura explosão. E isso talvez faça dela o que ela é realmente. E isso talvez seja a razão de gostar ou odiar.  E bem lá no fundo, se esconde uma menina de coração puro, ingênua demais até. E mesmo com as adversidades do mundo, se recusa a ver a maldade alheia. Ela acredita no bem. Ela acredita no amor. Ela se joga, se doa. Ela não tem medo. E ela quase sempre sofre. E supera, e se reinventa. E fica ainda mais forte. E de repente se pega feliz pensando na sua força. E lá vai ela. Vivendo cada segundo como se fosse último, intensa como tal. Livre como tal.

Talvez não seja boa ideia doma-la, molda-la. Talvez a solução seja apenas aceita-la. Ama-la como tal. Com todas as inseguranças, agonias... mesmo falando demais, bebendo demais, dançando demais. Mesmo atropelando palavras, já que ela não é comedida.

Ela nasceu para tomar cerveja num boteco e Chandon num restaurante chique. Ela valoriza muito mais uma tarde abraçado do que uma noite de sexo selvagem. Ela prefere um misto quente ao lado do seu amor, a um prato de lagosta com pessoas vazias. Ela espera muito mais de um olhar do que de palavras. Mas ela cansou de ficar calada. De ser o que o outro quer. De mudar para agradar quando seu ser é tão único. Ela cansou de querer quem não a quer exatamente como é. Porque ama-la não deve ser amar apenas suas qualidades, mas todas as suas noias, agonias, loucuras e o seu lado mais obscuro. E não, ela não vai aceitar menos do que isso.   

terça-feira, 28 de maio de 2019

O amor quietinho


Quem diria que esse temporal iria passar tão rapidamente? Nem eu mesma diria isso. Hoje só consigo enxergar um arco-íris lindo dando cor ao céu da minha vida. Só vejo meu barco mergulhado em águas tranquilas,com o auxílio de muita prece e oração.

Dor de amor é um saco. Ela vem de dentro para fora a ponto as vezes de afetar seu funcionamento biológico. E você tem a impressão que nunca vai passar, mas passa. As vezes, o tempo é generoso. As vezes, o tempo castiga. Após 15 dias loucos de muito desespero, retorno ao estado de paz. Esse tempo para mim é recorde. E hoje nada mais importa além de mim.

Isso quer dizer que acabou o amor? Obviamente não. Esse aí ainda vai fazer morada. Não sei ainda por quanto tempo, mas também não me apresso em saber do futuro, em saber quando vai embora. Hoje esse amor está quietinho no canto dele. Em um lugar dentro de mim em que consigo lembrar com carinho, passear por cada momento vivido ou esperado para ser vivido, sem me magoar, sem sentir dor. 

Vendo as previsões astrológicas para escorpião (sim, as vezes eu acredito nisso), me deparo com leituras falando sobre fechamento de ciclos e recuperação da força. O escorpiano tende a ser uma pessoa muito forte, mas que em determinadas situações, é tão intenso que se perde de si mesmo. Daí fica frágil feito um vidro. Apesar de tudo, hoje me faço forte forte. Ergo a cabeça para enxergar as milhares de oportunidades de ser feliz que Deus me dá e que vão além de um relacionamento amoroso.

Tem tanta coisa mais para ser pensada na vida. Tantos projetos a serem definidos, livros a serem lidos, séries a serem assistidas, amigos a serem abraçados, vinhos a serem tomados, forrós para serem dançados, especializações a serem iniciadas, um doutorado a ser dedicado... São pequenas coisas que preenchem meu tempo e que me fazem querer seguir adiante. Querer focar no que eu gosto e desfrutar desses pequenos momentos valiosos que, muitas vezes, passam e eu não me dou conta porque estou ocupada planejando o futuro.

De repente ficar sozinha em casa já não é problema. De repente aproveitar minha própria companhia passa a ser minha meta de vida. Viver o presente nunca foi tão doce. Já não espero o futuro. Porque hoje, o presente me completa.

terça-feira, 21 de maio de 2019

A aceitação

Depois de dias tentando entender. Depois de dias esperando uma reviravolta. Depois de dias esperando notícias que pudessem me surpreender, eu finalmente desisto. Eu finalmente resolvi deixar para lá. Quem quer ficar, fica independente de qualquer coisa. Quem quer ir, vai e nada se pode fazer. A vida é cheia de momentos. Nem tudo o que se diz ser para sempre, realmente é. Nem tudo o que se acredita fortemente é de fato real.

Depois de tantos pensamentos e achismos, eu finalmente sosseguei. Resolvi acalmar meu coração. Resolvi mudar o meu foco. Parar de pensar no porquê. Resolvi simplesmente tomar rumo. Parar de me prender a possíveis destinos. Parar de planejar o futuro. Parar de viver em função do futuro. Hoje sou só eu, nos meus quase 30 anos, triste como uma adolescente por um amor que se foi. Hoje sou só eu começando a colar meus cacos. Hoje sou só eu aceitando o fim de uma relacionamento que se iniciou como brasa e apagou antes mesmo que eu percebesse. Hoje sou só eu pronta para virar a página. Pronta para continuar de onde parei. Pronta para me amar acima de tudo. Pronta para esquecer esse amor.

Já consigo identificar em qual fase estou. Na de aceitação. Eu aceito o fim. Eu aceito sua decisão. Eu aceito seus erros. Eu aceito os meus também. Aceito que o seu sentimento amornou. Aceito que não foi sua intenção me magoar. Você só quis me fazer feliz. E fez, por muitos momentos. Mas já passou. E hoje precisamos começar a escrever uma nova história. Voltar a ser felizes. Esquecer a dor e ficar com o que foi bom. Sem ressentimentos, sem raiva. Pouco a pouco o amor se transforma. Assim como minha dor. O tempo está aliviando, ajudando a esquecer. E o que um dia na minha cabeça seria eu e você, agora será apenas eu sem você. Eu escrevendo minha jornada.

 Espero um dia poder te encontrar e conversar como os amigos que, acima de tudo, fomos. Espero ainda rir com você e ficar feliz com suas vitórias. Espero ainda te encontrar em outros Réveillons, em outros verões e em outros carnavais e poder testemunhar a sua felicidade. Porque amor não é prisão. Amor é ver o outro feliz, mesmo que isso não inclua você.



domingo, 19 de maio de 2019

Confusões


                O tempo vai passando. Mas passa tão arrastado, tão lento que parece que não passa. Os dias não têm fim. As madrugadas são embaladas por sonhos que se preferia não ter. E então, se acorda num susto em vários momentos. Quando o sol nasce, os olhos já estão a muito abertos. E naquela determinada hora, as lágrimas escorrem.
              É um misto de sentimentos emaranhados. Não se sabe ao certo o que se sente. Falta, saudade, raiva, raiva de si mesmo... Raiva por ainda sentir amor por alguém que não sente por igual. Tudo o que se quer é arrancar esse sentimento do peito, como se fosse uma cirurgia com retirada ampla de margens, para não haver resquícios de nada. É triste ver o que já foi tão mágico se tornar tão doloroso. Desilusão.
                De repente se começa a pensar o quanto isso afeta sua vida. Comer, dormir, treinar, estudar e trabalhar já não são tarefas simples. Se tenta focar, mas de vez em quando você se pega olhando a foto e o status do whatsapp, já que não tem como ver o instagram (vocês deixaram de se seguir) e as fotos já foram deletadas. Se quer esquecer, se quer deixar tudo para lá. Iniciar um novo ciclo. Mas, ao mesmo tempo, você ainda quer um minuto mais, uma conversa mais, ouvir por um instante a voz. Você ainda sonha em encontra-lo. E você tem raiva desses pensamentos.
                Qual a receita para seguir em frente? Como amenizar toda essa confusão que se instala na própria cabeça? Como lidar com um amor que já passou para o outro, mas que ainda fica dentro de você? Dizem que apenas o tempo. Mas este é o inimigo de alguém ansioso. O tempo anda no tempo dele. E nessas horas ele não vai rápido. Ele faz questão de ir devagar, para que você sinta realmente a dor e aprenda com os erros passados.
                A dor que você sentia constante, latejante, pouco a pouco se torna ciclo. Ao invés de ser o dia todo, ela vem em determinados horários, como uma onda. Então você a sente e, quando cai no choro, ela ameniza. E vai ser assim por alguns dias. Algumas semanas. Devagar esses ciclos diminuem. O que seriam 5 ondas de momentos de angústia tornam-se 4, 3, 2, 1, até não haver mais nada. Até sumir tudo. Até se curar. Até não haver saudade, amor, mais nada. Só lembranças.
                 



sexta-feira, 17 de maio de 2019

Amor de verdade


            O que uma ligação é capaz de fazer? Acabar com as últimas esperanças que poderiam existir. E aquela pontinha guardada bem lá no fundo do seu ser, vira pó em poucos minutos. E o seu mundo desaba. A realidade bate à porta. Aos poucos a razão começa a retornar. Mas não se quer que retorne.
Isso tudo porque cérebro de gente apaixonada não funciona. As ligações sinápticas que ligam o córtex pré-frontal ao núcleo accumbens ficam desgovernadas e todos os sentimentos “eufóricos” não são barrados. Em resumo, a pessoa apaixonada fica meio demente. Ela não consegue pensar com a razão. Não racionaliza a situação, mesmo que seja impossível, mesmo que o outro não a ame da mesma forma, mesmo que seja rejeitada. O outro continua sua vida. Feliz, despreocupado. Mas o apaixonado perde os sentidos.
É difícil voltar para sua rotina de antes. É difícil acordar sem dar “bom dia” ou conversar sobre como foi o dia, à noite. É difícil a ideia de nunca mais encontrá-lo, de seguir em frente sozinho. É difícil voltar ao foco, conseguir estudar, comer ou dormir bem... Em todos os momentos o cérebro te trai e você se pega pensando nos bons momentos, em tudo o que foi vivido e/ou sentido em um curto espaço de tempo.
A dor ameniza no meio da manhã e no meio da tarde, quando as ocupações e as conversas com os amigos distraem. Meio que sem querer você muda o foco. Mas quando chega a noite, em que se precisa parar para estudar, ou quando se tenta ler um livro ou ver um filme, todos aqueles pensamentos retornam. E só se pensa, novamente, em todos os momentos bons que já não vão voltar. É quase um ciclo vicioso de sofrimento.
Assim, cada momento com os amigos se torna valioso. Qualquer conversa sobre qualquer coisa que não seja ligada ao fim da relação é a chave para ver o tempo passar de forma imperceptível. Para os amigos, com certeza não deve ser fácil ouvir lamúrias, aguentar o choro, dar suporte todo o tempo. Deve, de fato, ser cansativo. Pior que nessa fase, não se quer estar só, se sentir só. Pois é nesses momentos que a sua cabeça te trai e te leva para viajar para longe. Mas amigo que é amigo está ali, mesmo com todas as lamentações chatas. Ele não te deixa se entregar. Ele te busca do fundo do poço para uma nova vida. E é nessa hora que se começa a perceber que o amor verdadeiro provém da amizade sincera.

               

domingo, 12 de maio de 2019

"The end"


               Segundo dia. Dia da ficha cair. Dia em que se começa finalmente a perder as esperanças. Dia em que a dor da desilusão encontra seu ápice. E os questionamentos “onde eu errei?” ou “por que ele não sente mais o mesmo?” continuam. E tudo o que se quer é entender os desdobramentos da história que levaram ao “the end”.
                Acho que toda história de amor tem seus problemas, seus obstáculos. Uns maiores, outros menores. Alguns estão dispostos a superar, outros são vencidos pelas dificuldades. Alguns tentam até o fim. Outros simplesmente se cansam, deixam de gostar. Ou talvez nunca tenham gostado o suficiente para enfrentar as adversidades encontradas. Palavras são bonitas. Um “vamos superar tudo isso juntos” pode ser dito de qualquer forma, a qualquer momento, no calor de uma emoção. Mas as atitudes não mentem. De repente, quando se coloca todos os pesos na balança, essa frase proferida não condiz com a realidade.
               E seguindo a trama, um sempre sai com o coração partido. Em dois, três ou até mil pedaços. E é uma dificuldade se recompor. Principalmente quando se vê que o outro está seguindo e não dá tanta importância assim. A autoestima quase nem existe mais. E o sofrimento aumenta quando se vê o quão ridículo se é por sentir isso tudo sozinho. Por esperar uma conversa, explicações, porquês que nada irão mudar a história.
                Mas aí pela primeira vez, no terceiro dia, ao invés da ficha cair, ela despenca. E se começa o pensamento de um novo ciclo, uma nova vida. Uma nova estrada a ser trilhada está por vir. Um novo começo. Um novo recomeço. A certeza que a noite a seguir não será em claro. A vontade de fazer tudo diferente no dia seguinte. Organizar a agenda. Bater as metas. Pagar as contas. Se dedicar ao trabalho. Ler por prazer, ler por obrigação. Assistir um filme. Canalizar a energia. Meditar. Se arrumar. Beber chopp com os amigos. Rir por leseiras. Esquecer o celular. E de repente não sobra tempo pra pensar no amor perdido. De repente, tudo se acalma. E por mais que seja demorado, a rotina aos poucos volta.
                O terceiro dia traz de volta a força. E aquele que sofria começa a tornar a si. Começa a olhar para si. Volta a ser forte. Volta a sorrir, mesmo com a ferida ainda aberta. Anseia pelo dia em que vai recuperar toda a sua paz. E o mais engraçado é que geralmente, nesse dia, a situação se inverte. E quem não se importava, experimenta um pouco da agonia, do que é perder alguém que um dia só te fez bem.


sábado, 11 de maio de 2019

Que o tempo liberte



O primeiro dia pós fim de relacionamento sempre é o mais difícil. A noite é mal dormida. As horas parecem não passar. A dor da perda parece não ter fim. A angústia invade o peito e se espalha por todo o corpo, do centro para as extremidades. Não se consegue deixar os olhos enxutos. As lágrimas caem desordenadamente. Toda a felicidade, toda a expectativa tornam-se sombra. Todos os planos se vão. Todas as projeções, todos os momentos de felicidade tornam-se pó.

                E de repente as lembranças vêm. Todos os beijos, abraços, momentos de carinho. Todas as noites dormidas abraçados. Cada apelido carinhoso, cada história vivida. As festas curtidas, os forrós dançados, o sexo a base de muita intimidade e carinho. E quando se trata de lembranças, o tempo não é mandatório. Não é o tempo que vai determinar a intensidade de um amor perdido. Tanto faz se foram 5 meses ou 5 anos, quando se vive juntos momentos inesquecíveis.
                No entanto o tempo é determinante no fim de uma relação. Não se esquece em um dia, por mais que se queira. Por mais que se tenha vontade de arrancar o sentimento do peito para não se sentir dor, ele fica lá. Ele só vai embora quando o tempo quiser que vá. E quanto tempo? Impossível determinar. Talvez um mês, um ano. Talvez ele nunca se vá. Talvez se tenha que aprender a conviver com essa dor do amor perdido. Talvez se tenha que guardar o amor a sete chaves e conviver com ele. O desfecho só o tempo permitirá saber. Que o tempo voe, que o tempo amenize, que o tempo liberte!


sexta-feira, 10 de maio de 2019

1, 2, 3, 4 vezes amor!



                Até onde o amor pode superar obstáculos? Até onde podemos acreditar que ele é de verdade? Meus caros, por muito tempo eu fui uma romântica desenfreada. Acreditava que o amor fosse algo completo, que superaria todos os desgastes. Acreditava que ele fosse um sentimento perfeito. Que desse colorido a vida. Acreditava nele, ao ver dois idosos juntos vivendo em matrimônio por mais de 50 anos. Até começar a sofrer por ele. Até sentir essa dor angustiante e dilacerante que vem junto com ele: a dor da desilusão.

                Pasmem, o amor não é o sentimento perfeito. Ele é cruel. O amor se inicia com paixão. E toda paixão sempre traz os riscos da desilusão. Aí nos arriscamos, nos apaixonamos. Fazemos de tudo pra que dê certo, porque quando a paixão se acalma e se vence todos os percalços, aí nós temos o amor na sua mais pura forma. Acontece que por muito tempo eu acreditei que pudesse chegar nessa forma de amor. Mas nunca chegava para mim.
Quebrei a cara uma, duas, três vezes. Me reinventei. Criei uma casca. Fiquei dura. Não me deixei envolver. Nem sequer me deixei apaixonar. Minha mente evitou aquele sentimento para que meu corpo não sentisse a dor da desilusão. E dessa forma vivi por anos. Dessa forma fui feliz na medida do possível. Entrei no piloto-automático para viver estável. Funcionou um tempo...
Recentemente me deixei acreditar novamente que o amor pudesse existir. Abri a armadura de ferro. Cortei minha casca. Libertei em mim toda aquela vontade de amar há muito escondida. Libertei também meus demônios. Toda a ansiedade para fazer dar certo. Voltei a acreditar que o amor pudesse existir. Que passada a paixão avassaladora e os primeiros desafios impostos, o amor ainda estaria ali.
No entanto, mais uma vez a vida me mostra que eu preciso recuperar minha casca. Amor é um sentimento indefinido. É fraco. Nada pode fazer. Não é o suficiente para manter duas pessoas juntas. Porque antes do amor há vantagens e desvantagens. De que adianta sentimento se a situação não é confortável? Amor nada vence. Amor só ilude. Amor não existe.

segunda-feira, 8 de abril de 2019

A mala

Hoje eu abri a minha mala
Resolvi tirar todo o peso que nela havia
Tentei deixar só o que havia de mais leve
Tentei não cansar pelo fardo
Me surpreendi pela quantidade de coisas inúteis que carregava

Sentimentos, emoções, aglomerados de decepções
que um dia fizeram sentido
e que hoje só ocupam espaço

Fui removendo devagar um a um
e fui olhando cada qual de forma especial
Pois só encarando novamente, com cuidado
se escolhe o que fica ou vai

Tudo o que carrego é parte de mim
me torna a pessoa do hoje
Mas sei que o peso pode ser demais para suportar

E de olhos vermelhos seco a mala
E deixo nela só o meu melhor
E abro espaço para mais
momentos, sentimentos, decepções e emoções

Mas enquanto isso eu sigo leve
Aperto o passo em direção à felicidade
De mala vazia
e sorriso no rosto

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Ela

Ela é enigmática
É tão complicada, que chega a ser tormento
Seu mistério reside no caos provocado
pela sua explosão de sentimentos

Que de tão abstratos e imensuráveis
é impossível saber a proporção de tudo o que sente
Ela só sabe que sente
e responde a isso a altura
ou até mais alto do que realmente configura

Isso porque ela vive de intensidade
e não sabe controlar os atos
transforma num turbilhão de hipóteses
meias palavras ditas ao acaso

Ela tem a capacidade de num dia
mergulhar no mais gelado mar de tristezas
e no outro, nadar por esse mar
para sentir o calor do sol decompor suas incertezas

Ela chora, e como chora
mas ao sorrir, traz para si o mundo
Permanecem apenas as sequelas
as cicatrizes um dia deixadas
no rosto um caminho percorrido
arduamente pelas águas salgadas.


sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Não imaginam o prazer que é estar de volta!



            Dizem que um bom filho a casa torna. Então, cá estou eu, dando novamente “as caras”. Quase 4 anos e meio longe e só o que posso expressar é a saudade que estava de aqui expor meu ponto de vista sobre qualquer coisa. A pergunta que não cala: Por que tanto tempo afastada?
            Bom, de 2014 até aqui, muito se passou. Sempre fui romântica e este foi o maior motivo de ter criado esta página. Gostava de escrever sobre as minhas tristezas, desilusões e paixões desenfreadas. Então, neste ano referido, encontrei um amor calmo. Um amor desses seguros, que passa tranquilidade, que te coloca para cima todo o tempo. E eu pensei: Que sorte a minha!
            Realmente muita sorte. Foram 4 anos e meio de muito aprendizado, risadas e felicidades. Além disso, foi um período de mudança extrema na minha pessoa. Me dediquei ao trabalho e ao estudo, dei um “up” na minha profissão. Me encontrei na pós-graduação e sigo na etapa de doutorado em patologia oral. Mudei meus hábitos alimentares, entrei para o Crossfit e virei amante da vida saudável.
No entanto, não sei se foi a vida corrida, se foi o meu relacionamento, mas percebi que perdi a minha essência romântica. Não porque o quisesse ou o tivesse planejado, mas porque pousei os pés no chão para encarar a realidade: as pessoas não são românticas. Tudo gira em torno de vantagens e desvantagens. E o tal do amor? O tal do sentimento que devasta tudo e qualquer coisa? Esse está em segundo plano, está abaixo da satisfação e realização pessoal de cada um e por esse motivo, muitas vezes, ele acaba. E foi exatamente assim que se sucedeu o fim do meu relacionamento.
Alguns tem a sorte de casar e passar “o resto da vida” com seu grande amor. Mas isso acontece porque o seu grande amor lhes proporciona mais vantagens do que desvantagens e a relação passa a ser confortável a ambos. No entanto a maioria das pessoas não terminam seus dias com o seu “grande amor”. A incompatibilidade, a visão de mundo e o temperamento distinto podem provocar as famosas brigas, de forma a desgastar a relação, culminando no famoso “não tem como dar certo”. As desvantagens passam a ser maiores e o bem-estar próprio está ameaçado.
E não ficar com o "grande amor" indica infelicidade? De forma alguma. A felicidade deve surgir a partir de nós mesmos, de momentos alegres colecionados, da nossa satisfação pessoal e profissional, da superação de todos os obstáculos diários. Quem não é feliz em Paris? Todo mundo. E nem é preciso estar ao lado do seu “grande amor”.