terça-feira, 28 de maio de 2019

O amor quietinho


Quem diria que esse temporal iria passar tão rapidamente? Nem eu mesma diria isso. Hoje só consigo enxergar um arco-íris lindo dando cor ao céu da minha vida. Só vejo meu barco mergulhado em águas tranquilas,com o auxílio de muita prece e oração.

Dor de amor é um saco. Ela vem de dentro para fora a ponto as vezes de afetar seu funcionamento biológico. E você tem a impressão que nunca vai passar, mas passa. As vezes, o tempo é generoso. As vezes, o tempo castiga. Após 15 dias loucos de muito desespero, retorno ao estado de paz. Esse tempo para mim é recorde. E hoje nada mais importa além de mim.

Isso quer dizer que acabou o amor? Obviamente não. Esse aí ainda vai fazer morada. Não sei ainda por quanto tempo, mas também não me apresso em saber do futuro, em saber quando vai embora. Hoje esse amor está quietinho no canto dele. Em um lugar dentro de mim em que consigo lembrar com carinho, passear por cada momento vivido ou esperado para ser vivido, sem me magoar, sem sentir dor. 

Vendo as previsões astrológicas para escorpião (sim, as vezes eu acredito nisso), me deparo com leituras falando sobre fechamento de ciclos e recuperação da força. O escorpiano tende a ser uma pessoa muito forte, mas que em determinadas situações, é tão intenso que se perde de si mesmo. Daí fica frágil feito um vidro. Apesar de tudo, hoje me faço forte forte. Ergo a cabeça para enxergar as milhares de oportunidades de ser feliz que Deus me dá e que vão além de um relacionamento amoroso.

Tem tanta coisa mais para ser pensada na vida. Tantos projetos a serem definidos, livros a serem lidos, séries a serem assistidas, amigos a serem abraçados, vinhos a serem tomados, forrós para serem dançados, especializações a serem iniciadas, um doutorado a ser dedicado... São pequenas coisas que preenchem meu tempo e que me fazem querer seguir adiante. Querer focar no que eu gosto e desfrutar desses pequenos momentos valiosos que, muitas vezes, passam e eu não me dou conta porque estou ocupada planejando o futuro.

De repente ficar sozinha em casa já não é problema. De repente aproveitar minha própria companhia passa a ser minha meta de vida. Viver o presente nunca foi tão doce. Já não espero o futuro. Porque hoje, o presente me completa.

terça-feira, 21 de maio de 2019

A aceitação

Depois de dias tentando entender. Depois de dias esperando uma reviravolta. Depois de dias esperando notícias que pudessem me surpreender, eu finalmente desisto. Eu finalmente resolvi deixar para lá. Quem quer ficar, fica independente de qualquer coisa. Quem quer ir, vai e nada se pode fazer. A vida é cheia de momentos. Nem tudo o que se diz ser para sempre, realmente é. Nem tudo o que se acredita fortemente é de fato real.

Depois de tantos pensamentos e achismos, eu finalmente sosseguei. Resolvi acalmar meu coração. Resolvi mudar o meu foco. Parar de pensar no porquê. Resolvi simplesmente tomar rumo. Parar de me prender a possíveis destinos. Parar de planejar o futuro. Parar de viver em função do futuro. Hoje sou só eu, nos meus quase 30 anos, triste como uma adolescente por um amor que se foi. Hoje sou só eu começando a colar meus cacos. Hoje sou só eu aceitando o fim de uma relacionamento que se iniciou como brasa e apagou antes mesmo que eu percebesse. Hoje sou só eu pronta para virar a página. Pronta para continuar de onde parei. Pronta para me amar acima de tudo. Pronta para esquecer esse amor.

Já consigo identificar em qual fase estou. Na de aceitação. Eu aceito o fim. Eu aceito sua decisão. Eu aceito seus erros. Eu aceito os meus também. Aceito que o seu sentimento amornou. Aceito que não foi sua intenção me magoar. Você só quis me fazer feliz. E fez, por muitos momentos. Mas já passou. E hoje precisamos começar a escrever uma nova história. Voltar a ser felizes. Esquecer a dor e ficar com o que foi bom. Sem ressentimentos, sem raiva. Pouco a pouco o amor se transforma. Assim como minha dor. O tempo está aliviando, ajudando a esquecer. E o que um dia na minha cabeça seria eu e você, agora será apenas eu sem você. Eu escrevendo minha jornada.

 Espero um dia poder te encontrar e conversar como os amigos que, acima de tudo, fomos. Espero ainda rir com você e ficar feliz com suas vitórias. Espero ainda te encontrar em outros Réveillons, em outros verões e em outros carnavais e poder testemunhar a sua felicidade. Porque amor não é prisão. Amor é ver o outro feliz, mesmo que isso não inclua você.



domingo, 19 de maio de 2019

Confusões


                O tempo vai passando. Mas passa tão arrastado, tão lento que parece que não passa. Os dias não têm fim. As madrugadas são embaladas por sonhos que se preferia não ter. E então, se acorda num susto em vários momentos. Quando o sol nasce, os olhos já estão a muito abertos. E naquela determinada hora, as lágrimas escorrem.
              É um misto de sentimentos emaranhados. Não se sabe ao certo o que se sente. Falta, saudade, raiva, raiva de si mesmo... Raiva por ainda sentir amor por alguém que não sente por igual. Tudo o que se quer é arrancar esse sentimento do peito, como se fosse uma cirurgia com retirada ampla de margens, para não haver resquícios de nada. É triste ver o que já foi tão mágico se tornar tão doloroso. Desilusão.
                De repente se começa a pensar o quanto isso afeta sua vida. Comer, dormir, treinar, estudar e trabalhar já não são tarefas simples. Se tenta focar, mas de vez em quando você se pega olhando a foto e o status do whatsapp, já que não tem como ver o instagram (vocês deixaram de se seguir) e as fotos já foram deletadas. Se quer esquecer, se quer deixar tudo para lá. Iniciar um novo ciclo. Mas, ao mesmo tempo, você ainda quer um minuto mais, uma conversa mais, ouvir por um instante a voz. Você ainda sonha em encontra-lo. E você tem raiva desses pensamentos.
                Qual a receita para seguir em frente? Como amenizar toda essa confusão que se instala na própria cabeça? Como lidar com um amor que já passou para o outro, mas que ainda fica dentro de você? Dizem que apenas o tempo. Mas este é o inimigo de alguém ansioso. O tempo anda no tempo dele. E nessas horas ele não vai rápido. Ele faz questão de ir devagar, para que você sinta realmente a dor e aprenda com os erros passados.
                A dor que você sentia constante, latejante, pouco a pouco se torna ciclo. Ao invés de ser o dia todo, ela vem em determinados horários, como uma onda. Então você a sente e, quando cai no choro, ela ameniza. E vai ser assim por alguns dias. Algumas semanas. Devagar esses ciclos diminuem. O que seriam 5 ondas de momentos de angústia tornam-se 4, 3, 2, 1, até não haver mais nada. Até sumir tudo. Até se curar. Até não haver saudade, amor, mais nada. Só lembranças.
                 



sexta-feira, 17 de maio de 2019

Amor de verdade


            O que uma ligação é capaz de fazer? Acabar com as últimas esperanças que poderiam existir. E aquela pontinha guardada bem lá no fundo do seu ser, vira pó em poucos minutos. E o seu mundo desaba. A realidade bate à porta. Aos poucos a razão começa a retornar. Mas não se quer que retorne.
Isso tudo porque cérebro de gente apaixonada não funciona. As ligações sinápticas que ligam o córtex pré-frontal ao núcleo accumbens ficam desgovernadas e todos os sentimentos “eufóricos” não são barrados. Em resumo, a pessoa apaixonada fica meio demente. Ela não consegue pensar com a razão. Não racionaliza a situação, mesmo que seja impossível, mesmo que o outro não a ame da mesma forma, mesmo que seja rejeitada. O outro continua sua vida. Feliz, despreocupado. Mas o apaixonado perde os sentidos.
É difícil voltar para sua rotina de antes. É difícil acordar sem dar “bom dia” ou conversar sobre como foi o dia, à noite. É difícil a ideia de nunca mais encontrá-lo, de seguir em frente sozinho. É difícil voltar ao foco, conseguir estudar, comer ou dormir bem... Em todos os momentos o cérebro te trai e você se pega pensando nos bons momentos, em tudo o que foi vivido e/ou sentido em um curto espaço de tempo.
A dor ameniza no meio da manhã e no meio da tarde, quando as ocupações e as conversas com os amigos distraem. Meio que sem querer você muda o foco. Mas quando chega a noite, em que se precisa parar para estudar, ou quando se tenta ler um livro ou ver um filme, todos aqueles pensamentos retornam. E só se pensa, novamente, em todos os momentos bons que já não vão voltar. É quase um ciclo vicioso de sofrimento.
Assim, cada momento com os amigos se torna valioso. Qualquer conversa sobre qualquer coisa que não seja ligada ao fim da relação é a chave para ver o tempo passar de forma imperceptível. Para os amigos, com certeza não deve ser fácil ouvir lamúrias, aguentar o choro, dar suporte todo o tempo. Deve, de fato, ser cansativo. Pior que nessa fase, não se quer estar só, se sentir só. Pois é nesses momentos que a sua cabeça te trai e te leva para viajar para longe. Mas amigo que é amigo está ali, mesmo com todas as lamentações chatas. Ele não te deixa se entregar. Ele te busca do fundo do poço para uma nova vida. E é nessa hora que se começa a perceber que o amor verdadeiro provém da amizade sincera.

               

domingo, 12 de maio de 2019

"The end"


               Segundo dia. Dia da ficha cair. Dia em que se começa finalmente a perder as esperanças. Dia em que a dor da desilusão encontra seu ápice. E os questionamentos “onde eu errei?” ou “por que ele não sente mais o mesmo?” continuam. E tudo o que se quer é entender os desdobramentos da história que levaram ao “the end”.
                Acho que toda história de amor tem seus problemas, seus obstáculos. Uns maiores, outros menores. Alguns estão dispostos a superar, outros são vencidos pelas dificuldades. Alguns tentam até o fim. Outros simplesmente se cansam, deixam de gostar. Ou talvez nunca tenham gostado o suficiente para enfrentar as adversidades encontradas. Palavras são bonitas. Um “vamos superar tudo isso juntos” pode ser dito de qualquer forma, a qualquer momento, no calor de uma emoção. Mas as atitudes não mentem. De repente, quando se coloca todos os pesos na balança, essa frase proferida não condiz com a realidade.
               E seguindo a trama, um sempre sai com o coração partido. Em dois, três ou até mil pedaços. E é uma dificuldade se recompor. Principalmente quando se vê que o outro está seguindo e não dá tanta importância assim. A autoestima quase nem existe mais. E o sofrimento aumenta quando se vê o quão ridículo se é por sentir isso tudo sozinho. Por esperar uma conversa, explicações, porquês que nada irão mudar a história.
                Mas aí pela primeira vez, no terceiro dia, ao invés da ficha cair, ela despenca. E se começa o pensamento de um novo ciclo, uma nova vida. Uma nova estrada a ser trilhada está por vir. Um novo começo. Um novo recomeço. A certeza que a noite a seguir não será em claro. A vontade de fazer tudo diferente no dia seguinte. Organizar a agenda. Bater as metas. Pagar as contas. Se dedicar ao trabalho. Ler por prazer, ler por obrigação. Assistir um filme. Canalizar a energia. Meditar. Se arrumar. Beber chopp com os amigos. Rir por leseiras. Esquecer o celular. E de repente não sobra tempo pra pensar no amor perdido. De repente, tudo se acalma. E por mais que seja demorado, a rotina aos poucos volta.
                O terceiro dia traz de volta a força. E aquele que sofria começa a tornar a si. Começa a olhar para si. Volta a ser forte. Volta a sorrir, mesmo com a ferida ainda aberta. Anseia pelo dia em que vai recuperar toda a sua paz. E o mais engraçado é que geralmente, nesse dia, a situação se inverte. E quem não se importava, experimenta um pouco da agonia, do que é perder alguém que um dia só te fez bem.


sábado, 11 de maio de 2019

Que o tempo liberte



O primeiro dia pós fim de relacionamento sempre é o mais difícil. A noite é mal dormida. As horas parecem não passar. A dor da perda parece não ter fim. A angústia invade o peito e se espalha por todo o corpo, do centro para as extremidades. Não se consegue deixar os olhos enxutos. As lágrimas caem desordenadamente. Toda a felicidade, toda a expectativa tornam-se sombra. Todos os planos se vão. Todas as projeções, todos os momentos de felicidade tornam-se pó.

                E de repente as lembranças vêm. Todos os beijos, abraços, momentos de carinho. Todas as noites dormidas abraçados. Cada apelido carinhoso, cada história vivida. As festas curtidas, os forrós dançados, o sexo a base de muita intimidade e carinho. E quando se trata de lembranças, o tempo não é mandatório. Não é o tempo que vai determinar a intensidade de um amor perdido. Tanto faz se foram 5 meses ou 5 anos, quando se vive juntos momentos inesquecíveis.
                No entanto o tempo é determinante no fim de uma relação. Não se esquece em um dia, por mais que se queira. Por mais que se tenha vontade de arrancar o sentimento do peito para não se sentir dor, ele fica lá. Ele só vai embora quando o tempo quiser que vá. E quanto tempo? Impossível determinar. Talvez um mês, um ano. Talvez ele nunca se vá. Talvez se tenha que aprender a conviver com essa dor do amor perdido. Talvez se tenha que guardar o amor a sete chaves e conviver com ele. O desfecho só o tempo permitirá saber. Que o tempo voe, que o tempo amenize, que o tempo liberte!


sexta-feira, 10 de maio de 2019

1, 2, 3, 4 vezes amor!



                Até onde o amor pode superar obstáculos? Até onde podemos acreditar que ele é de verdade? Meus caros, por muito tempo eu fui uma romântica desenfreada. Acreditava que o amor fosse algo completo, que superaria todos os desgastes. Acreditava que ele fosse um sentimento perfeito. Que desse colorido a vida. Acreditava nele, ao ver dois idosos juntos vivendo em matrimônio por mais de 50 anos. Até começar a sofrer por ele. Até sentir essa dor angustiante e dilacerante que vem junto com ele: a dor da desilusão.

                Pasmem, o amor não é o sentimento perfeito. Ele é cruel. O amor se inicia com paixão. E toda paixão sempre traz os riscos da desilusão. Aí nos arriscamos, nos apaixonamos. Fazemos de tudo pra que dê certo, porque quando a paixão se acalma e se vence todos os percalços, aí nós temos o amor na sua mais pura forma. Acontece que por muito tempo eu acreditei que pudesse chegar nessa forma de amor. Mas nunca chegava para mim.
Quebrei a cara uma, duas, três vezes. Me reinventei. Criei uma casca. Fiquei dura. Não me deixei envolver. Nem sequer me deixei apaixonar. Minha mente evitou aquele sentimento para que meu corpo não sentisse a dor da desilusão. E dessa forma vivi por anos. Dessa forma fui feliz na medida do possível. Entrei no piloto-automático para viver estável. Funcionou um tempo...
Recentemente me deixei acreditar novamente que o amor pudesse existir. Abri a armadura de ferro. Cortei minha casca. Libertei em mim toda aquela vontade de amar há muito escondida. Libertei também meus demônios. Toda a ansiedade para fazer dar certo. Voltei a acreditar que o amor pudesse existir. Que passada a paixão avassaladora e os primeiros desafios impostos, o amor ainda estaria ali.
No entanto, mais uma vez a vida me mostra que eu preciso recuperar minha casca. Amor é um sentimento indefinido. É fraco. Nada pode fazer. Não é o suficiente para manter duas pessoas juntas. Porque antes do amor há vantagens e desvantagens. De que adianta sentimento se a situação não é confortável? Amor nada vence. Amor só ilude. Amor não existe.