terça-feira, 20 de novembro de 2012

Amor é para poucos

Há uns três dias estou lendo um livro muito revelador. O dito-cujo, por nome "Quem me roubou de mim?", do autor Pe. Fábio de Melo mostra o quanto é difícil relacionar-se com pessoas. Qualquer pessoa.

Isso porque há pessoas que não aprenderam a se relacionar. Querem ter controle sobre a vida do outro. Querem mudar o outro. Querem fazer do outro um prisioneiro do seu mundo. Mas amor não é isso. Amor é dar liberdade para o outro. É respeitar as diferenças. É entender que o outro possui vida própria. Possui amigos, família, trabalho e vontade própria.

Acontece que há uma linha tênue entre amor e possessividade. Mas a diferença entre os dois é gritante. Amor entende as diferenças. Possessividade quer suprimi-las. Amor é livre, completa. Possessividade prende, diminui. Amor quer ver o outro bem, perdoa. Possessividade causa medo.

Essa possessividade em muitos casos é responsável por um ato desumano: o sequestro da alma. Isso só ocorre quando a vítima se deixa sequestrar. Quando deixa que o outro tome conta do seu mundo e mude tudo o que nele existe. Quando se acostuma a deixar que o outro domine até sua personalidade.

Não defendendo os sequestradores, mas às vezes eles nem sabem o que fazem, o mal que estão causando. Às vezes agem assim tomados pela ansiedade ou por falta de confiança no amor do outro. Ou por acreditar que tornando o outro dependente ele nunca vá em bora.

Mas vai. A vítima uma hora precisa libertar-se do cativeiro. A vítima precisa respirar para entender os sentimentos pelo sequestrador de sua alma.

Eu vou mais fundo. Se o sequestrador arrepende-se e inicia uma mudança interna e repensa todas as suas atitudes, a vítima não poderia acompanhar junto tais mudanças? Não poderia dar uma chance?

Até pode, se existe amor e não apenas dependência. Se a vítima ama de verdade quem a a sequestrou ou tentou sequestrar, ela vai dar uma nova oportunidade para que o outro mostre o quanto pode ser diferente. E o sequestrador pode amar? Talvez ele não saiba bem o que é amor, mas pode aprender.Mas aí é que está. Amor é para poucos.

A vítima quer se libertar, pensar nela agora. Não está errada. Mas o fato de não querer ver o seu sequestrador se redimir pode ser significativo de que nunca o tenha amado. Mas é vítima, não se pode recriminar. Vítima do sequestrador. Vítima dela mesma que nunca conheceu o amor.

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